segunda-feira, 15 de outubro de 2007

QUEBRANDO TODOS OS RECORDES



Esta é a primeira parte da história "Um Vampiro em Apuros". Vou colocar aos pouco, pra não cansar.


Quebrando todos os recordes

Numa coisa todo mundo deve concordar: só existem dois tipos de mãe: as mais e as menos chatas. Alvinho, dezesseis anos, fora agraciado com uma do primeiro tipo, cujo maior prazer consistia em não deixá-lo chegar atrasado às aulas. Destarte, todas as manhãs mamãe escancarava as janelas do quarto do pimpolho teen, permitindo que a luz solar a tudo invadisse e iluminasse. Imersa em dedicação e sutileza de atitudes, a zelosa progenitora nunca entendeu por que seu filhinho acordava de mau humor.

Que vida! Seria tão bom se não precisasse ir à escola! Dormir até meio-dia, sem dar satisfação, sem professor otário nem mãe enchendo o saco! Alvinho não era exigente. Tendo música, games e Internet, já estaria bom demais!

Domingo à noite, saiu para a balada. O lugar, a casa de um conhecido, repleta de garotas, seus amigos se dando bem, menos ele. Um tremor percorreu-lhe o corpo; seus olhos encontraram os de uma moça alta, magra, cabelo escuro curto e roupas de vinil vermelho. Encarava de um modo impossível de evitar. A coragem calibrada pelo álcool, Alvinho seguiu até a dona dos olhos.

Apresentaram-se. Ele, Alvinho. Ela, Fúlvia. Aparentava dois anos mais que ele, e não ligava para a diferença de idades.



As coisas correram naturais: a conversa, os beijos e um comichão esquisito tão logo ela perfurou-lhe a garganta com dois caninos pontiagudos e desproporcionais. Sua consciência ia fugindo quando a garota o largou, rasgou o pulso com uma unha e ofereceu-lhe seu sangue. O instinto do moleque cuidou do resto.


Noite ainda, Fúlvia o acompanhou até em casa. Combinaram de se ver dali a umas doze horas, pois ela tinha muito a ensinar-lhe. Um beijo demorado, e a mulher partiu, misturando-se às sombras.


Uma alegria inexplicável alucinava o garoto. Ergueu os braços, sentia-se livre e poderia jurar que seus pés não tocavam o solo. Deveria estar com mais sono do que imaginava. Entrou no quarto, olhou para a cama e desabou.

Traz um guardanapo que tinha sangue demais nessa macarronada

Segunda-feira, mamãe penetrou o quarto e escancarou as janelas, permitindo que a luz do sol invadisse e a tudo iluminasse.


Na próxima edição do Guinness de Recordes, Alvinho figurará como “aquele que menor tempo permaneceu como vampiro”.

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